As universidades federais devem reservar pelo menos 50% das suas vagas para estudantes que tenham cursado as três séries do ensino médio em escola pública, incluindo os alunos de escolas militares, de aplicação e institutos federais, como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifba). Dessas vagas, 50% serão dedicadas a estudantes com renda familiar bruta igual ou inferior a 1,5 salário mínimo per capita, o que equivale a R$ 933 por pessoa.
Além dessas duas exigências, será considerado o critério racial, ou seja, a porcentagem de negros, pardos e índios em cada estado. Este peso será aplicado sobre as vagas dos cotistas, para candidatos com renda abaixo ou acima da estipulada. Na Bahia, a soma das pessoas que se autodeclararam negras, pardas ou indígenas no Censo 2010 é de 76,66% da população.
Ontem, o Ministério da Educação (MEC) publicou no Diário Oficial da União uma portaria que regulamenta a Lei de Cotas e estabelece os novos critérios para se candidatar ao benefício. A lei já tinha sido sancionada há dois meses pela presidente Dilma Rousseff.
Na Bahia, cinco instituições vão oferecer vagas por este sistema: Universidade Federal da Bahia (Ufba), Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), Universidade Federal do Vale de São Francisco (Univasf), Ifba e Instituto Federal de Educação, Tecnologia e Ciência Baiano (Ifbaiano).
O prazo para as federais se adaptarem integralmente às novas regras é 26 de agosto de 2016. Mas os processos seletivos para matrículas em 2013 já precisam oferecer uma reserva de vagas de 12,5%.
Bahia
Todas as universidades e institutos federais na Bahia já praticam, de alguma forma, uma política de vagas. A Ufba, por exemplo, possui um sistema de cotas que funciona desde 2005, destinando 45% das vagas para os alunos oriundos da rede pública. Dentro desse percentual, 36,55% estão reservados para candidatos que se declararam pretos ou pardos no ato de inscrição, 6,45% para candidatos de outras etnias e, por fim, 2% para os candidatos que se declararam descendentes de indígenas.
Segundo o professor Ricardo Miranda, pró-reitor de Graduação da Ufba, as mudanças não vão interferir muito no processo seletivo deste ano. “A Ufba praticamente já adota todos os critérios, tanto a origem do aluno na escola pública quanto a etnia. Nesse quesito (etnia) já oferecemos mais do que é pedido. Só faltava o fator econômico”.
Ele informou que haverá uma chamada pública para os candidatos já inscritos que passam a ter direito às cotas com os novos critérios, e o edital complementar com prazos e regras para comprovação da renda estipulada deve ser divulgado esta semana. “É claro que vai dar um trabalho razoável, exigir uma logística e um corpo de pessoas, até pela etapa da comprovação de renda, mas já está sendo providenciado”.
A Univasf também já reserva 50% das vagas aos estudantes que cursaram o ensino médio na rede pública de ensino desde 2010. Em nota, a Univasf declarou que deve deliberar as mudanças na próxima reunião do Conselho Universitário da instituição, ainda sem data definida.
O Ifba e o Ifbaiano também já têm seus sistemas de cotas, utilizando o critério de etnia e destacando 50% das vagas a estudantes vindos da escola pública. Procuradas pelo CORREIO, as duas instituições informaram que ainda estão discutindo como vão se adaptar às mudanças publicadas ontem pelo Ministério da Educação. É o caso da UFRB, que também ainda está analisando as novas regras e também não definiu data para divulgar uma posição.
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